A vida cristã precisa de muito advento, muita espera e paciência

Em cada ano, no tempo do Advento, a liturgia da Igreja nos mobiliza a esperar. Nem sempre caímos na conta que tenhamos a “Quem esperar”. Então, nos dispersamos “esperando algo”, vivendo a lenta e inevitável fila das esperas.

Como seres humanos, fomos feitos para esperar: esperar um filho, esperar um trabalho, esperar o resultado de um exame médico, esperar que as coisas melhorem, esperar que saia o sol… Trata-se de uma sucessão interminável de esperas, algumas vezes infrutíferas, indesejadas e angustiosas, outras vezes surpreendentes, plenificantes.

Às vezes esperamos sem saber muito bem o quê ou quem esperamos. Outras vezes, a espera se vê realizada, mas o resultado da mesma é tão frustrante que os “esperantes” terminam por pensar se valeu a pena tanta mobilização. Existem também esperas doentias, que provocam ansiedade, medo e nos paralisam; esperas centradas em nós mesmos.

Esperar, para quê? A quem? De onde nasce a necessidade de esperar? Vivemos tempos carregados de “pressas” que nos mantém tensos; queremos resultados imediatos e nos angustiamos na impaciência. Mas a vida cristã precisa de muito Advento, muita espera e paciência. No interior de nossas entranhas brota uma voz serena: “Dá prá esperar”? 

Só quem é movido a “sentir o tempo” de modo novo pode habitá-lo com intensidade em todas as etapas da vida. Cada momento esconde sua pérola e é muito instigante poder descobri-la. A vida cristã é uma vida de espera, mas se trata de uma espera carregada de esperança. Esperar é uma
forma de viver, um hábito de vida.

Nós somos o que esperamos. “Só quem espera pode ver”. Estamos no tempo litúrgico da espera, que nos motiva a esperar, mas a esperar com esperança, sabendo a Quem esperamos; mais ainda, sabemos que, Aquele que esperamos, já chegou, que já está entre nós, que as promessas esperadas já estão cumpridas. Deus vem a nós e a nossa espera ativa é a nossa maneira de ir até Ele.

Aquele que esperamos já está presente, dando um sentido de eternidade à nossa espera. Espera que nos faz criativos, intuitivos, sonhadores... Espera que nos faz sair de nós mesmos, abrir-nos à realidade que nos cerca e crescer em comunhão com tantos que nos esperam. Espera que nos descentra. “Diga-me o que você espera e vou lhe dizer quem você é”.

A espera revela nossa identidade, aponta para onde está nosso coração. Como cristão, viva intensamente este período do Advento.

Autor: Pe. Adroaldo Palaoro